quarta-feira, 21 de novembro de 2012

"Cícera era tão jovem quanto eu e muitos de vocês. Mas sua vida era bastante distinta. Não entrou na universidade para estudar como eu e muitos de vocês. Entrou para trabalhar como terceirizada numa lanchonete.
Não entrou de ônibus como eu e muitos de vocês. Ela veio a pé do portão da São Remo, favela que nasceu e cresceu junto com a universidade de
 São Paulo, abrigo dos trabalhadores que construíram e que, precariamente, trabalham para a universidade.
Cícera já deixou de existir, diferente de mim e muitos de vocês. Um dia ela voltou pra casa e foi assassinada pela polícia, só porque olhou pela janela.
Provavelmente só porque é negra, assim como eu e muitos de vocês, Cícera era uma suspeita, e por isso mereceu morrer. Só porque era terceirizada, a USP nunca fez nenhum escândalo pela sua morte.
E eu, assim como muitos de vocês acho que uma história como essa não deve ser esquecida. Alguns decidiram fazer uma chapa com o nome dela, para lutar contra essa e as atuais mortes pela polícia." 
por Letícia Parks

Nenhum comentário:

Postar um comentário